quarta-feira, 5 de novembro de 2014

na calada conversadeira da tarde de quarta


Preciso escrever

Recomendação de busca, de amparo, proteção, como voltar pra casa de jardim e rede.

Como também preciso viajar (sagitariana!), decidi que iria a São Paulo tomar um café amoroso com a Talula e na volta me comprometeria a escrever tous le jours, n’emporte quoi (dúvidas quanto à grafia, não ao sentido, rs)!

No dia 26 de novembro (ô dia lindo!) de 2014 faço 46 anos. Desde - acho - que fiz 40, ou melhor, às vésperas de.., entrei numas que ia morrer. Era um tal de sentir coisas, físicas mesmo, palpitações, tonturas, era um tal de sentir medo.. Levei a constatação da minha morte iminente pra terapia, e lá, naquela sala sagrada de mim, entendi que a ‘certeza’ tinha conexão rápida com o passar do tempo, com a forma como eu me via e me sabia envelhecendo. Fiz 40 e meus amigos sabem que não morri! No sentido clássico. Porque de morte e vida nos fazemos diariamente, entre o amanhecer da esperança e a chegada da nuvem noturna, o esquecimento do sol até o dia seguinte.. e, para os que amam a noite em progressão, a rotação contrária, mesma vontade..

Atualmente somatizo diferente, rs.. eu sonho. Desde que entrei no terreno frutífero do meu ‘inferno astral’ que todos nos meus sonhos adoecem e/ou morrem. É pai, é mãe, sou eu. Do primeiro acordei assustada, mas tão rápido assim, talvez porque esteja mais conectada com a minha essência, percebi que era o tempo de pensar no envelhecimento, no tanto de tempo que eu estava nesse mundo.

Por aí descambei em outros pensamentos, olhando para os símbolos, e para o meu corpo de mulher. As desproporções que ele apresenta, o choque dos números, minha idade, o desconhecimento que sinto ao ser chamada de ‘senhora’, a barriga que nunca mais voltou ajustadinha pro lugar desde que conheci duas delícias da vida: a maternidade e a cerveja (ambas em plurais)!

Vez e outra sacudo da mochila vermelha minhas constatações da mulher que sou: enchi o saco de me depilar (nunca gostei mesmo de arrancar pelos), não vou a salão de ‘beleza’ fazer as unhas (não consigo mais pagar pra entrar em ambiente hostil), as maquiagens estão meio vencidas, as joias são de pano, as bolsas são mochilas, os sapatos não têm saltos.
Acho que a minha vaidade tem como alicerce a minha esquisitice no mundo. Acho que minha auto estima tem mais tesão pela minha letra poética que pela minha bunda.

Aos 44, tatuei ‘velha e louca’ na perna e me dei de presente uma cadeira de balanço, pra envelhecer sorrindo – eu dizia. Aos 45, a mesma palavra ‘velha’ me deixou meio fora do ar e da alegria. Não foram as palavras que me assustaram, mas o sentimento voraz de destruição que elas continham na pronúncia. Ainda me trato.. mas sei que homeopatia e amor ajustam muitos sentimentos dentro de mim.

Pois bem que hoje me preparo mais um pouco, um ano mais, para desaprender as convenções, as trapaças sociais e os corredores dos shoppings. Cada dia mais insubordinada quanto aos trejeitos sugestivos do ‘domínio público’, sigo pelas ruas do Rio Vermelho, acompanhando meu filho crescer, o filho da Dri crescer, minha filha chegar de viagem, meu mundo se aproximar do meu interno.

Quero a sorte de um amor tranquilo. O tempo está depois.





Nenhum comentário:

Postar um comentário