sábado, 6 de setembro de 2014
memória do fogo
Por acreditar na capacidade que tens de amar
e na capacidade que o amor tem de ser,
que perdoo.
Em mim, perdoar não vem sem contexto.
Não é ato natural de coração bom. Perdoar é pra seguir em paz.
Chega às vezes a ser inacreditável certos rumos,
quantos estreitos escuros me aparecem sem que eu saiba correr pra longe.
Ou porque não posso,
negar-me alguns lugares impede conhecer a força da minha natureza.
Sei que o amor pode degenerar nele mesmo,
feroz em raiva,
voraz em vingança,
morto de desespero,
uivando de dor.
Há vários.
Sinto saudade do que era doce, talvez porque prefira os sabores de sal (saudade do que eu não sabia ser)
Saudade da poesia, porque acho que é o melhor jeito de dizer as palavras.
Pela vontade de seguir e amar, banhos e oferendas.
Reconstrução da minha chama.
Pode ser labareda ou lamento.
Vai queimando, destruindo, lacerando a carne.
Depois - num tempo longe de contagem - recomeça.
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