terça-feira, 9 de janeiro de 2018
49
Aos 49.
ando, de novo, procurando me entender.
Isso é todo dia, todo dia, todo dia.. debates internos que às vezes escapolem em uma ou outra frase, que nem sempre tenho paciência ou espaço pra desenvolver.
A história da pessoa velha.
Precisamente, da mulher velha.
Envelhecer como um defeito, uma piada.
Vou aprendendo mais coisas sobre mim à medida que o tempo me acompanha, estou décadas mais em paz com meu corpo, meus vícios, meus gostos.
Mas tenho que me preparar para as chacotas, para o “elogio” de que não aparento a idade que tenho, para a invisibilização que é ser velha nessa sociedade.
Não gosto que me chamem de 'tia' e não pelo meu nome. Acho que perco a minha identidade, e para a outra, o outro, passo a ser uma autoridade, coisa que não tenho interesse em ser. Prefiro ouvir meu nome na tua voz, na tua boca, prefiro que questione o que falo, que brinque comigo, que a gente estabeleça um diálogo.
“Você não quer é parecer velha”. Tô nem aí pra isso.
A barriga exposta num biquini alto chamou a atenção do meu irmão, mais novo que eu, e igualmente barrigudo (apesar de sem histórico de 3 gestações).
Ele fez piada.
Naturalizar o corpo de uma mulher é o que me instiga, além de usar o biquini que eu escolhi!
Meu sobrinho dois anos atrás brincou que eu era mais cabeluda que ele. Ele tem uma barba bonita, muitos pelos nas pernas, nem de longe eu tenho no corpo tantos cabelos quanto ele.
Mas eu não me depilo, e, para observar isso, a boa e velha piada.
Naturalizar o corpo de uma mulher é o que me instiga, além de curtir meus pelos!
Caminho meu caminho.
Não é na contramão, nem na dianteira, é o caminho que me parece compatível com quem sou, com meu cheiro, minha roupa, meu formato e meu gozo.
Um caminho de ondas, de águas, mas que também é pisado com inteireza, pra que o chão sinta e perceba que eu faço parte dele.
Sou do amor, mas não preciso explicar pra ninguém. Eu sei.
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