domingo, 27 de maio de 2012
do que sinto saudade
qualé a parte
desde quanto tempo
porque
ainda quanto mais
de que tipo se trata
certo amor, certa paixão
que se leva pra rua e distrai as calçadas
permanecer não é estar
os roteiros não me explicam
sinto.
do teu tempo
cabelo, sorriso, passo, cheiro
da tua parte na minha - boca, voz, roupa, abraço.
de um silêncio que passa direto pelo meu barulho,
que cala tudo pra fazer amor.
de ser ouvida
de ser tocada
de ser gostada
da mão no meu peito
(de um certo sujeito)
saudade de estar livre e perdida na pele do outro
e de que o outro seja você também sinto saudade, quando não estás aqui.
saudade de pernas de um lado pro outro, e do barulho se calando porque chegaste
(não era antes você) (mas já era eu)
sou eu sempre. comigo, sempre.
Pele suja, manchada, língua seca. Pouca voz, muita palavra.
Eu no sapato, cadernos, colares, cores.
Eu na bagunça, na desordem, nos sonhos e no sono.
Eu na saudade.
é de você que sinto saudade. Do que encontro em ti e do que me trazes, sem que eu queira ou peça, ou que por menos eu saiba.
De você de todo jeito e por todas as partes.
De um inteiro que eu nem conheço, só quando o meu olho encontra o teu é que sugiro
(saudade de não termos todo o tempo entre as nossas gerações.. mas coragem para amar mesmo assim)
Saudade quando passamos por cômodos diferentes da casa, ou quando tu sais e eu fico. E quando tu ficas e eu saio, também
Quando de um lado do telefone, um, do outro lado, outro.
Ou de um lado da máquina um, do outro lado outro.
Quando numa cidade um, noutra cidade outro.
Ou numa festa um, noutra festa outro.
Saudade só se acomoda feito o gato gordo na conchinha das minhas pernas quando encontramos a alegria e a dúvida que nos veste, tiramos tudo, jogamos no chão, e ao nada nos entregamos.
Saudade deita-se no amor e sorrindo adormece..
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