sexta-feira, 7 de maio de 2010


Eu tive um sonho, durante uma massagem. Eu sonhei uma palavra. A palavra era Fortaleza. Dita assim, com letra maiúscula no início. E no meio de absolutamente nada. Ela surgiu no vazio, veio sozinha. Para que não lhe fosse desviada a atenção, para que não houvesse dúvida (embora sempre há dúvida nessas cabeças grandes, que pensam demais)

Depois - ou antes - pensei, de forma mais elaborada que o sonho, sobre o susto pra mim que é saber que o mundo é real. Dar-me conta do que, para algumas amigas minhas, é conhecimento trivial.. Pra mim não. É um choque pra mim fazer parte de um mundo assim.. real!
Sei que para elas esse espanto é um absurdo risível. E eu agradeço muito a elas por estarem comigo nessa vida, pois assim consigo sobreviver à minha nova descoberta: com amigas!
É como ser embriagada e de repente acordar sóbria pela 1ª vez na vida. Não, a minha vida não foi uma festa única e embalada à felicidade constante até agora. Sei que há dores, desde pequena sabia. Sei da tristeza, do abandono, do medo de que falte. Todas essas coisas que atribuímos ao encontro com a realidade.
Mas perceber que o mundo não é uma abstração, uma poesia, ou uma canção.. é outra coisa.
Tomar conta de que paredes são feitas de tijolos e não de palavras, que janelas são madeira e não portais, que teto é coberto de tinta e não de estrelas e nuvens. Ver que os degraus da escada não são meus pensamentos, e sim pedaços de ferro.. tudo estarrecedor que choro agora de espanto.
E quem sabe de tristeza por ser tão nova nesse mundo, e não saber como me comportar nele.. a toda hora precisar recolher-me para pensar, espantar-me de novo e outra vez, e descobrir como voltar a respirar. Como recolocar-me nesse ambiente estranho.

É isso. Me retiro pra trás da cortina, pra debaixo da barra do vestido da mãe que já partiu. Me retiro buscando força e aceitação do que sou, de como sou. Fortaleza, a palavra.

4 comentários:

  1. ainda bem que temos você, para dar leveza a nossa dura realidade!
    =)

    ResponderExcluir
  2. lembro bem do dia que eu me dei conta que vc tinha uma outra realidade dentro de vc. isso já foi há anos atrás e ao longo destes fomos aprendendo a conviver. tão diferentes.
    bj

    ResponderExcluir
  3. ai, ana, isso foi tão poético!! hehe.. bjs, meninas!

    ResponderExcluir
  4. às vezes me pergunto porque temos que SABER... na maioria das vezes eu queria não saber. não saber das dores, das tristezas ou dos tijolos. é mais fácil assim. coisa linda é saber transformar o tijole em leveza de versos. amei!

    ResponderExcluir