sábado, 29 de maio de 2010
Para você
Não me lembro de, quando criança, alguém me mandar fazer silêncio.
Mas eu entendi que era assim. E fiz.
O que nunca falei, aprendi a escrever. Escrevo dores, vermelho, café da manhã, paixões, chuva, saudade, telhado, mãe, poesia, besteira, alívio, solidão. Escrevo ficção, poesia, a topada, o ponto de ônibus, o sonho dormido, os sonhos acordados.
Assim como falar, escrever às vezes dói. Mas eu não sou de ter medo de dor.
Meus partos foram normais. Minha vida é normal. Não é sem dor, mas do jeito possível que eu acredito. Vim para ter raízes e cultivo asas, ao ar livre ou em confinamento.
Amar é um recado, uma missão, e uma folha de papel que só quem sabe ler do jeito certo consegue. O jeito certo é coração.
domingo, 23 de maio de 2010
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Capítulo "porque não estou onde você está"
terça-feira, 18 de maio de 2010
Há coisas que perdemos e nunca mais damos conta de encontrar.
Coisas-coisas mesmo, como o comprovante de inscrição do curso de culinária chinesa, que só podia estar em um lugar e assim mesmo não está.. perdi!
Coisas-sentimentos, como o amor sem desconfiança que eu sentia antes de ser traída.. perdi!
E coisas-pessoas, que eu acho que são as que mais levam outras coisas junto, como por exemplo a memória. Minha mãe morreu e com ela os registros da minha infância que eu não lembro e não tenho coragem de perguntar a mais ninguém.. perdi!
domingo, 16 de maio de 2010
o passado vestido
Meu merecimento é estar ao teu lado, e transformo isso na poesia mais inconclusa da minha ilha.
A incompatibilidade do tempo – me alerta o dicionário -, o mundo único de cada um de nós e seus próprios territórios, interesses, anseios, expectativas, delimitações.
No meu, a paixão é ajuda; no seu, parece extorsão.
Daí eu pilhei toda riqueza, o tesouro, teu sorriso em teu corpo.
E você,
é calmo sem vexame,
um inseguro sedutor,
firme e incompleto.
É capaz de ir embora amando,
eu não.
Não é injusto, só temático. Eu louca por teus olhos, tua respiração, tua presença ao meu lado, outras chances, novas noites.. você indo embora e levando tão pouco nos braços, só o meu amor você levou.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
eu preciso descansar
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Eu tive um sonho, durante uma massagem. Eu sonhei uma palavra. A palavra era Fortaleza. Dita assim, com letra maiúscula no início. E no meio de absolutamente nada. Ela surgiu no vazio, veio sozinha. Para que não lhe fosse desviada a atenção, para que não houvesse dúvida (embora sempre há dúvida nessas cabeças grandes, que pensam demais)
Depois - ou antes - pensei, de forma mais elaborada que o sonho, sobre o susto pra mim que é saber que o mundo é real. Dar-me conta do que, para algumas amigas minhas, é conhecimento trivial.. Pra mim não. É um choque pra mim fazer parte de um mundo assim.. real!
Sei que para elas esse espanto é um absurdo risível. E eu agradeço muito a elas por estarem comigo nessa vida, pois assim consigo sobreviver à minha nova descoberta: com amigas!
É como ser embriagada e de repente acordar sóbria pela 1ª vez na vida. Não, a minha vida não foi uma festa única e embalada à felicidade constante até agora. Sei que há dores, desde pequena sabia. Sei da tristeza, do abandono, do medo de que falte. Todas essas coisas que atribuímos ao encontro com a realidade.
Mas perceber que o mundo não é uma abstração, uma poesia, ou uma canção.. é outra coisa.
Tomar conta de que paredes são feitas de tijolos e não de palavras, que janelas são madeira e não portais, que teto é coberto de tinta e não de estrelas e nuvens. Ver que os degraus da escada não são meus pensamentos, e sim pedaços de ferro.. tudo estarrecedor que choro agora de espanto.
E quem sabe de tristeza por ser tão nova nesse mundo, e não saber como me comportar nele.. a toda hora precisar recolher-me para pensar, espantar-me de novo e outra vez, e descobrir como voltar a respirar. Como recolocar-me nesse ambiente estranho.
É isso. Me retiro pra trás da cortina, pra debaixo da barra do vestido da mãe que já partiu. Me retiro buscando força e aceitação do que sou, de como sou. Fortaleza, a palavra.
terça-feira, 4 de maio de 2010
para adriana, uma garota semi apaixonada
A paixão é a roupa nova do guarda-roupa
Aquela alegria instantânea do presente surpresa, inesperado
É o que se sabia possível, mas de sentimento impossível. Seu tamanho é maior, sua força também!
Os 3 tempos no momento agora
O desfeitio do calendário, decomposto de seus cotidianos e seus extras previamente combinados
O jeito preferido de desenhar-me
A melhor cor para o cabelo
O dia de sorte nos olhos do outro
A miragem tangível, braços, peito e pernas para o conforto e conflito do desejo. Ai..
O vale-brinde no saquinho de biscoitos, o palito de picolé marcado
Um pouco menos que o bilhete de loteria premiado, um pouco mais que ganhar dinheiro na loteria
Paragem de sombra com água suave porém caliente no caminho de sol árduo
Descanso com cansaço de querer
Feriado no meio da semana, sendo a semana a vida da gente
Cores a mais, sorrisos a mais, passos de dança na rua a mais
Sem espera, vou vivendo. Vestir-me, pintar-me, pensar-me assim, por lembrança ou presságio. Essa coisa de amar-se faz bem!
domingo, 2 de maio de 2010
reescrever a minha história
Em 5 minutos vislumbro um dia em que sorrio e então fico em paz, aliviada da existência superbe de pensar demais.
No restante do tempo, fujo da paranóia, mas não escapo do medo e da ansiedade persecutória e insone.
Intitulada ‘um dia de paz para três de medo e culpa’, findei a semana com 02 vidros de florais, uma porção de nomes australianos, desconhecidos, para dores tão comuns.
- Gosto de palavras francesas como secret, uma violação charmosa, um jeito ameno de querer bem guardado -
O que estou perdendo tenho medo de não conseguir repor. E também noto que, para não ter trabalho, deleguei meus desejos, meu gosto, minha vontade. Então tudo me agradava , en passant, e assim, pouco trabalho, pouco desgaste, ainda que pouco prazer. Abria mão do máximo que poderia ter pelo mínimo que me dessem, acostumada a contentar-me com pouco, por preguiça ou medo de querer demais.
Desse jeito sobrevivi, mas a felicidade passou a ser uma ilusão, uma gravura de desenho animado, que a gente não pode ter igual, como ser humano. Passei com o tempo a pensar e repetir: ‘serve pra outro tipo de pessoa, não serve pra mim’. Presunção?! Tá mais pra aliança com o mínimo, querer somente o possível, e pelas lentes de quem enxerga menos que eu.
Assim, o querer pra mim tinha um gosto estranho, que precisava de um outro provador pra me confirmar o sabor, já não sabia mais por mim mesma, desconhecia o meu próprio paladar.
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