quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Elza, que me canta


Um a um, os príncipes morreram.

E nem eram príncipes, eram só homens.
desde o começo, esse tropeço não dei.



Observo-os caídos no chão, a expressão não me valhe de piedosa

Caminho com meu cheiro e minha nudez entre os corpos,
por tudo que foram,
pelo que não alcançaram ser,
pelo abandono.


hoje meu paladar amoroso diz que os príncipes adubarão o meu jardim.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O Flerte

que gosto bom no corpo tem o flerte

Olhar e perceber o olhar vindo também pra cá

Descobrir telefone que já se queria dar

Mandar mensagem,
ouvir a voz,
receber um bilhete que fica grudado ‘displicente’ na porta da geladeira, no quadro de recados, no mural de cortiça

Puxar uma conversa boba.. ganhar um sorriso bobo.. ficar com cara de boba

Sugerir um café,
um cinema,
uma dança,
um passeio..
e que alegria infantil perceber que do outro lado há um sim!

Flertar é começar o desenho,
uns rabiscos de traçado torto e alegre como todo começo que ainda não se sabe, mas se quer

Como tatear espaço de conquista,
cheia de vontade,
porque também há vontade do lugar em pertencer
– meu corpo e o corpo da outra é um lugar só,
um querer que vai e vem,
de mim pra você,
você pra mim

Como beijar o beijo que não era disputa, mas desejo;
e sentir no impulso todo o futuro que não se sabe nem se quer saber.

O tempero que cheira antes da comida à mesa;
a primeira bebida que já tonta, pelo frescor da imaginação que insinua.

O flerte. É como o começo do que vai ser bom..

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

sensações vermelhas



Encontro diariamente outras ruas para andar
E passos diferentes aprendo a dar

Hoje criei conversinha pra mim enquanto caminhava, entre Ondina e Rio Vermelho.
E fui gesticulando, argumentando, sentindo, recordando, refletindo, por fim amando a trajetória

No final da historinha, já quase chegando no Rio Vermelho, decido dizer não.
E fico com o amor.
Parecia contraditório, mas é assim que as coisas são.
Ou que estão em mim, nesse momento.

Fico com o amor das boas lembranças, dos bons dias, do carinho, da confiança, da proteção, do afeto.
Fico com o registro de que amar é bom.

Auto-acompanhamento de vida, esse querer o bom, a boa onda, a boa estação, o bem estar aqui..
.. Às quartas, melhor dia que há para recordar a potência da vida!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

inteira, aos pedaços


Descubro que tenho medo de impulsos
E que tenho medo de tornar-me apática por outras pessoas
Medo de digitar nome inadequado e ser descoberta por mim mesma
Medo de sempre ser luto ou luta
Medo de só pensar, querer e amar o que não há mais.

Cambaleando de pernas quebradas chego na segunda-feira seguinte.
Dirijo em obrigações, atravessando a cidade por ruas que não gosto mais.
Ando por outras, outros sóis queimando, buscando a passos lentos os sentidos que perdi da última vez.
Compro mangas. Prendo o cabelo. Choro no consultório. (choro na antessala também)
Em casa, desfaleço quando entardece. Tomo banho pro corpo esquecer de novo. E queria ter palavras mais suaves que me acolhessem, ao invés de aumentarem a dor dos cortes.

Sou essa fatia. Não é só até domingo. Enquanto estiver aqui, quero estar tentando.



domingo, 14 de fevereiro de 2016

A saudade quebra as pernas no meio da dança

Quem não sente a dor, não sabe

E diz que é uma bebedeira

Ah, se fosse só..

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Toda arrumação se trata de saudade


No carnaval fiz meu próprio cortejo..
andei pela casa,
conversei com as plantas,
tomei cerveja,
vi filmes,
dormi na rede,
madrugada com vinho e reflexões, leitura e escrita..

Certo diz resolvo arrumar a bancada do banheiro..
há milhares de coisas nesse lugar, desde que aportei neste lar,
há exatos 05 anos contados do domingo de carnaval.

Entre tirar a poeira,
separar o que já não serve mais pra minha vida,
enxaguar o pano de volta,
enxugar o rosto e tomar uma taça de vinho..
Tudo que se envolvia ali falava de saudade

Eu gravo palavras pelos cantos,
meu banheiro tem de declaração a desejos..
fui limpando os registros à medida que se superavam – ou que eu desejava que assim fosse – mas eis que há papeis esquecidos sorrateiramente,
e pessoas falam comigo e em mim enquanto eu arrasto a poeira e os objetos

Passo álcool,
aromatizador de 07 ervas,
acendo uma velinha para a boa sorte,
intenciono.


Saudade se cura com paciência.














sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

conta-se



O amor se conta em vários olhares.

Entre um homem e outro homem, o mais lindo olhar de amor que já vi.
Brilho, intensidade, respeito, admiração, afeto, paixão.
Naqueles olhos, que miravam o outro, todo o corpo, várias vidas ali depositadas.
Eu vi..

Tomaram banho e a toalha branca, contrastando com os cabelos negros molhados, era de despedida.
O silêncio revestia a minha observação, e meu olhar eu esperava que não afetasse nada,
o amor era um abrigo assim, de não estar e não ser..


Tantos pedaços se partem em mim enquanto caminho nessa vida.
Sei que há muitos passos, uns alegres, outros perdidamente tristes.
Descubro nessa aventura que foi tão bom que não merece ser lembrado como ruim.

É outro agora o olhar de quem ama.
Mas me abençoo pois já estive lá, deitando corpa naquele encontro,
encontrando o que buscava.

Os pés de novo na estrada,
um banho na cachoeira,
uma vida que se reencontra,
a natureza me explica,
eu saúdo,
e o amor me olha como se quisesse me contar..