terça-feira, 29 de março de 2011

ouvindo Clarice.. e me livrando das pedras



vou parar de me desculpar pelo que eu não fiz com a minha vida!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Dia de chuva




Tinha vontade de te dizer tudo. Como naquele dia em que pensei: ‘ah, se eu soubesse dizer tudo o que sinto..’
Passei mais de 20 anos contigo e não consegui.. logo, não era tempo o problema que nos doía.
Machuquei os dedos, os olhos, a garganta eu até tive que cortar, tentando te achar na importância da minha vida. Sabe a certeza sem comprovação..?.. assim..
Então, aos 42, fui embora. Prum teto de parede vermelha, rosto colado na minha própria paciência.

E são pedacinhos juntando-se pra virar.. um monte de pedacinhos juntos, um concerto de notas tentando ser melodia. Mas, entenda, não uma melodia aprovada, mas a única canção que só eu posso ser, música feita de mim
Pedi que me dissessem porque minha memória não desapega de certas pessoas. Risos. Nem cartas, nem astros, nem céu, nem chão, quiseram me substituir nessa partida.. sou eu quem pode saber o que os outros têm para me dizer, o que aqueles têm para me dar, o que esses têm que me interessa. Não sou fácil de perdoar, não sou feita de esquecer; mas, de outro modo, às vezes simplesmente não lembro.. preços, pessoas, paisagens. Suponho que tudo que fica por aqui guardado tem um significado vermelho, importante.. não pode ser só teimosia, quero que seja mais!

Alegria.
Foi assim que decidi grafar o meu ano no corpo. Porque desde que me lembro cultivo um certo peso me inclinando para o sacrifício, como se suportar dor fosse parte do meu esqueleto. Talvez uma mania de ser poeta furando o meio da mão com a caneta; talvez outra coisa que seja sagitário com sagitário. Agora invento de tirar a mochila com pedras das costas, as pedras pesadas da mochila, podres de tanto esperar pelo fim de um suplício inútil. Ter culpa é ter pedras podres amolando o passo. É por isso que, ainda que chorando, ando cantando e rindo pelos dias. Para destreinar esse corpo esquisito, pra acostumar ele com outra vida: deixar de ser cofre trancado para ser pena no vento!

terça-feira, 22 de março de 2011

assim mesmo



Uma boca de pensamentos roliços espera por mim. Me impele à sede, ao pote. Não sei o caminho. Não sei a aparência. Não me lembro de ter medo assim.

Medo de possuir. Depois de perder. Medo de largar. E depois de me arrepender. Medo de ser livre, e de não saber ser mais.

Não sei quantos olhares precisarei para desencardir o desejo. De um baú cansado, desembolar roupas perdidas de querer libertário, como as que eu usava antes. "não tenho mais 20 anos". É o som do que eu escuto, sem autocomiseração, antes uma virtude que não quer ceder.

Às vezes não me importo com o tempo.
Quando me apaixono, sou jovem.
Quando tenho muito medo, sou velha.
Mas eu gosto mesmo é de ser eu mesma, é no que eu acredito

domingo, 20 de março de 2011

Pássaro achando..



Para voar,
tive que abrir mão do mais forte, falso e inútil ícone de segurança.
Pensar que se detém a posse (corpo & alma) de alguém é tão ilusório quanto risível.

Desatada, comprei uma casa, cortei os cabelos e, de vez em quando, quando bate o vento aqui, ou balanço na rede que escolhi,
sinto premente a sensação de asas, como se o voo só estivesse me esperando..

terça-feira, 15 de março de 2011

uma roupa para talula



Vou mandar fazer um vestido todo de poesia pra ti! Solto, do teu tamanho. Para usar com os sapatos de esperança que tens. E, no cabelo, enfeites de liberdade.

Vou pintar jóias discretas, imperceptíveis. Somente para que saibas que estás protegida. Um brilho nos lábios, que vem do olhar, e, antes dele, veio da alma.

No ar, o perfume dos teus sonhos, corpo adentro, corpo afora, pois somos mesmo tudo isso, misturadas aos outros e ao mundo.

Só te peço que não esqueças de colocar na bolsa o documento. A identidade de quem és, como és, para quem és, é que confirmará a beleza e o dom que tens e para os quais nasceste. De mim para o mundo, de ti para ele.

Com amor,
d'uma mãe que não sabe costurar, mas que adora poesia!

terça-feira, 8 de março de 2011



Ainda me pergunto, mesmo que sem pronunciar, o porquê dessa empreitada.
Perdida no pensamento solitário, de forma recorrente sou dúvida e desassossego.
Se estou em paz?! Parece que nunca. Ou, se não quiser prever o futuro, parece que não.
Só mais essa chama insistente, que não me deixou esperar a acomodação definitivamente.
Consegui engolir saliva, beijo e segredo por muito tempo, mas não o suficiente para esquecer.
Tenho medo de ficar só, mas não quero apenas tapear a solidão, sem dar valor real à companhia. Sei que as relações ultimamente são fortuitas, mas não acho que vá querer algo diferente do que me pede a alma.
Posso sim aprender a ouvir também o corpo, deixar que ele se expresse, que tenha vontade própria. Quero também ser levada pelo corpo!

Da minha janela em dúvida, agora, uma paisagem.

sexta-feira, 4 de março de 2011

eu viajei



o mundo sonhado em uma tatuagem, no meio do show:
faz de conta