segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O CIÚME



Descobri o ciúme. Um sentimento que intimida, incomoda, irrita. Um sentimento forte.

Não percebi antes porque fiz pra mim uma capa de superioridade, para proteger-me daquela força e daquela dor. Mas, nestes casos, ser superior enfraquece, e ser doida, incoerente e imprudente fortalece.

E como agora ele apareceu?!
Estando de mudança, mexo em coisas guardadas. Muitas não me interessam mais. Jogo fora. A tal capa uma delas. Descoberto, apareceu a fúria nos olhos, a posse ignorante, e esse remexido abusivo por dentro.

Disso, boas noites de sexo, uma aventura dentro do mesmo. Um frescor parecido com despedida, um ter momentaneamente o que se sabe não ser mais seu.

Volto pras ruas, visto-me, e lá está o ciúme. Foi assim que o descobri, quando conectei-me com o sentimento ébrio, quando sofri sabendo o que estava fazendo (e não é masoquismo!), quando acessei o supremo dom de ser humana!

Recomendo!


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

difícil, mas nem sempre



Gripe chegando.
Chegando também o fim. E junto dele, coladinho, o começo.

Difícil exercício, esse de descobrir do que se gosta, o que se quer. Digo, quando há tanto tempo se vive com a vontade do outro, e com a inércia em dupla. Difícil saber o que é real, o que é invenção para acomodar vontades. Difícil descobrir, diferenciar. Como um bolo de linha, que dá uma preguiça procurar a ponta, desembolar o que tá grudadinho, misturado, enlinhado. E quando, no meio da empreitada, pergunto se embolado, misturado, grudado, não era melhor de ficar?! Ai, ai..

E eu já escrevi tanto, já tentei tanto entender por letras, já criei tanto, já fugi tanto, disfarcei tanto, já me escondi tanto.

E o que deve ser mostrado? O que deve ser dito?
Por isso ando com tanta vontade de me desnudar, pra parar o pensamento do limite, perder a medida do que sou eu, do que é o outro. Ser, sem anteparo, parte constituinte do mundo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

esquecimento adoece & escrever é necessidade

tirar da alma e colocar no papel

como um cão preso no canil,
uma adolescente que precisar sair quando anoitece
uma barriga presa na calça apertada depois do almoço

tirar dali, respirar, aliviar.

alma de homem em corpo de mulher
corpo de homem com alma de mulher
precisa resolver-se, precisa sair para descobrir

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011


Certas ruas deveriam se chamar traição

Algumas, pelo sabor picante dos que cometem

Outras, pelo gosto amargo no estômago dos que sofrem




Já estive indo e voltando pela mesma rua
Estico a vista e de dentro do ônibus, calorão, tenho pressentimentos e miragens.
Na dúvida se reluto ou me entrego, escrevo
Vou ao cinema ("biutiful") e de novo elas aparecem. Em forma de corpos e cenas ligeiros, quieto-me como se pudesse descobrir algo dentro de um esconderijo público.

Certas ruas tão tristes que se acabam no meio do nada,
deixando-nos soltas, na vida

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011


Todo dia eu perco a mesma coisa.

Nem sei se é sempre triste.

Às vezes eu cubro de raiva,

noutras vezes de alívio.

Mas quando dói,

deixa um vazio amargo,

tira a vontade de comer,

tira a alegria da pauta momentaneamente.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011



As águas em festa. O mar decorado de rosas, pontos de cores seguindo o fluxo das ondas. Permissão, paciência e vontade.

E, como festa grande, a dona oferece a casa, e cada um se diverte a seu modo. Eu passei cedo, entreguei meu presente com sorriso.. e dela procurei tudo de bom que ela me inspira. Entendi só agora que quando a gente vai a algum lugar por uma 'pessoa', seja por ser o dia dela ou para simplesmente vê-la, na verdade nos remetemos ao que nela amamos e admiramos, vamos dizer que ela é especial e tentar captar para a nossa vida aquilo que faz dela especial para nós. Fiz-me compreender?! hehe.. é uma troca, e é de energia que estou falando.

Então para a rainha fui pedir que ela fizesse parte da minha vida, me acompanhasse com seu fluxo feminino das águas. Que me ensinasse e me acompanhasse na dança, na música e no reconhecimento do meu corpo. Hoje meu propósito é estar presente, estar no corpo. Continua sendo sentir, só que na pele, literalmente. O sol, a água, a temperatura, o carinho, o toque, o beijo.