terça-feira, 21 de dezembro de 2010

voltando a desenhar, voltando a escrever..

quando eu percebi que tudo terminava mais ou menos do mesmo jeito foi que perdi o interesse, a empolgação de existirem as coisas
concluído o ciclo da desilusão - ainda que haja eventual recaída - Saramago e o seu elefante salomão me mostram que seguir faz a diferença

SALDO DO ANO: um susto intermitente, entre 365 dias. Convivendo com outras demandas, sentimentos, pensamentos, sonhos. Saudade, culpa, medo. Mas também coragem, arroubos, contas, margens consignáveis de ansiedade, determinação, ousadia e, por fim, realizações.
Fabriquei portas e janelas por onde vislumbro vida nova. Não sei, certas horas-dias-meses, porque faço, mas continuo fazendo.

sábado, 11 de dezembro de 2010


Um dia desses fui pra chuva.
Não chovia, mas eu fui pra saber qual'era.. fiz chover essas dores que me rondavam como trovões rondam tempestade
Aí foi guerra. Não do bem contra o mal, era mais o esquerdo sendo direito, o sim sendo não, essa mistura que às vezes faz festa na minha covardia
Fico às vezes assim. Chorando pela inconsistência da minha razão; querendo ser mais do que preciso, pois ter solução nunca foi, na minha lista de tarefas, um dos 26 primeiros itens. Sou rasa em objetivos e em saída para becos escuros.
Posso não sair de casa há muito tempo, mas não sou de me refugiar das esperas por tempo demais. Pois foi naquele dia mesmo que resolvi parar de esconder-me e revelar-me a mais apaixonada das leitoras,
ouvintes,
cantantes,
mulheres,
possíveis,
impossíveis,
sonhadoras,
viventes,
humanas,
perdidas!
Sim, fui pra chuva! Fui porque quis, sou eu mesma, de mais ninguém! Sou o próprio raio, por isso não temi ser atingida. E como sou o fogo que manda sagitário, vou sabendo que posso não ter mais volta. Quem se queima assim por palavras, do que mais sente falta é de água como essa Levei um mundo de tralhas nas costas e, me despindo, fiz uma escada por onde subi até o bem alto daquele céu todo molhado. De lá, me disseram pra voltar pro chão, que meu caminho é quase subterrâneo agora, e que, embora eu ache igual a desde sempre silêncio, o de agora é assim meio diferente, meio que menos refugiado faminto e mais companhia da tinta Estou na hora de fazer cor!

domingo, 5 de dezembro de 2010


Queria reencontrar. Encontrar de novo o mesmo que um dia já encontrei. E gostei. Me apaixonei.
Sim, sou outra. Não sei se agora me apaixono pelas mesmas coisas, ops, pessoas, que antes. Antes, aos 20! Hoje, aos 40!
Então, nesse mundo meio oco que é o limbo entre um caminho concluído e um outro que ainda não se sabe bem o que é, nem gostos, nem cores, nem prazeres ou dores.. bem, nesse momento confuso, arredio, perdido, partido, desalojado, carente, sozinho, etcetcetcetc.. eu fico caminhando e pensando ai que bom seria sentir aquela paz e aquele sutil conforto de novo.. tô pensando e caminhando isso numa corda bamba, um tapete voador, naquele espaço etéreo que a Aninha quer conhecer.. e um dia vai, torço!
Da minha parte, faço sinopses de exercícios.. tento muita gente, não me encontro.. tento um pouco menos, ainda não.. o isolamento como castigo também não funciona.. Hoje fico em casa sem punição, sem sentir falta dos que não me chamaram, sem imaginar que ‘todo mundo que faz diferente de mim se diverte mais do que eu’.. Como disse Paula, é ótimo ficar só sabendo que a gente poderia não estar, se quisesse. É um outro ângulo, que nunca me permiti enxergar.. ficava sempre presa na teoria do esquecimento, é.. tenho tendência a patinho-feio!
Hoje recusei um programa que não queria fazer, deixei de fazer outro que até gostaria, fui pro shopping com meu filho, fiz um macarrão al dente com molho vermelho pr’eu comer. Escolhi o canal da televisão, vi um filme. É apaziguador saber que nem tudo na rua me interessa. É instigador não saber ainda o que farei quando crescer, daqui há dois meses, quando sairei de casa..
Ontem, no meio da manhã, pensei que naquele dia, especialmente, eu estava apaixonada! Sem coisas ou pessoas na mira por enquanto, estar bem acompanhada por um sentimento tão vermelho já me é um grande registro de novos tempos.
Que seja!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

No ponto de ônibus

O amor corta em navalha. Como urtiga no mato, se confunde e não sabe a hora de parar.
A hora de bastar porque senão machuca.
O princípio foi amor. Mas da boca deles só palavras duras, o olhar de guerra, o sorriso irônico. Mútuo. Ele a conduz até aqui, num percurso que antes era de pétalas (minhas referências). E, quando chega, desfere golpes com agressividade de inimigo.

É mais difícil entender o fim que o começo. O perdão dito em cada detalhe que precisa ser tocado, na separação. Toco na dor devagar, porque queria que não fosse dor. Não queria machucar-nos.
Então eu vou. E trato dos machucados na medida que eles forem cortando a pele.. como navalha, no amor.